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outros dias

[dia] período de uma rotação terrestre; no plural, existência

Tudo a nú

Maio 24, 2013

Por motivos de força maior, tive de banir durante uns tempos as calças com botões e/ou fecho do meu dress code e apostar em combinações alternativas. A Mãe, sempre muito opinativa, aproveitou todas as oportunidades para me mirar de alto a baixo e aprovar ou não a indumentária... e em 99% das vezes levei um rotundo chumbo da parte dela.

Perdi a conta ao número de ocasiões em que ouvi o já conhecido "Estás nua!!!", ao qual respondi sempre com "Estou... por baixo da roupa estou toda nua". A esse comentário juntou-se um igualmente frequente "Vêem-se as cuecas!!!", avaliação que me obrigou a ripostar "Vêem? Hmmm... achas que as tire?".

Mas a melhor das melhores veio depois.

Um destes dias, ia eu aperaltada com o tal dress code alternativo, abeirei-me da Mãe e ainda não tinha chegado a meio dos dois beijinhos do costume quando comecei a sentir o seu escrutínio implacável. Olhou, olhou, olhou, franziu a testa (ainda mais do que nas outras vezes), abanou a cabeça, benzeu-se interiormente e sentenciou, escandalizada:

- Isso não é uma saia! Isso é um tapa-vergonhas!!

 

 

PS - Para que conste, eu não ando nua na rua, nem com as cuecas à mostra. A Mãe é uma exagerada...

De pequenino é que se torce o pepino (ou não)

Fevereiro 06, 2013

- Tiiiiiaaaaaa.... queres brincar mais com este boneco?

- Não.

- Só mais um bocadinho.

- Não.

- Só mais um bocadinho.

- Não.

- Só mais um bocadinho.

- ...só se disseres "se faz favor".

Sobrinha-mais-linda-do-mundo, que é acometida de um grave ataque de surdez sempre que falamos nos sefazfavores e nos obrigadas, olha para o boneco, parecendo hesitar. Após breves segundos, vira-me as costas, dirige-se à caixa dos brinquedos, tira de lá outra coisa e regressa para perto de mim:

- E com este, já queres?

Balanço(a) natalício

Janeiro 17, 2013

Não foi o Natal com que sonhámos, mas, usando a expressão do Sr. Silva, foi o Natal possível.

Não falo da crise, das prendas, dos consumismos. Falo de pessoas. De calor humano. De gestos, pequenos, imensos. De coisas que não custam nada. A verdade, bem resumida, é que estivemos com quem quis, de facto, estar connosco.

Agora que penso nisso, não foi o Natal possível: foi o Natal real. Houve gargalhadas, fotos cómicas, conversas sérias, conversas sem sentido, brincadeiras, jogos, filmes, séries, passeios, telefonemas, abraços apertados, beijos demorados, olhares com mil significados, partilhas, coisas doces, saudades apertadas.

Houve, acima de tudo, amigos por perto (fossem família ou não). Um Natal real e, por isso mesmo, um Natal bom.

Esta não sou eu

Novembro 07, 2012

Eu (que não sou eu), agarrada a um saco de pão com a palavra "Pão" bordada: Mãe, como é que isto se faz?

Mãe: Isso é ponto pé de flor.

Eu (que não sou eu): Ponto de quem?!

Mãe: Ponto pé de flor.

Eu (que não sou eu): ...e do que é que estás à espera para mo ensinares, hmmm?!

Ainda o Halloween

Outubro 31, 2012

A Mãe, preocupada com os doces que tencionamos oferecer no Halloween, foi a correr comprar-nos duas tabletes de chocolate de 200g.

Eu: Ó Mãe, isto assim não chega para todos...

Mãe: Eles dividem!

Eu: Mas isso assim é uma grande porcaria!

Mãe: Não é nada! Eles dividem entre eles!

Eu: E se forem vários grupos?

Mãe, já irritada: Não queres as tabletes, é?

Eu: ...quero... mas é para eu comer!

E depois quem teve de se ir enfrascar em chocolate fui eu

Outubro 25, 2012

Mãe, em momento depressivo #1: Vocês, meus filhos, foram a melhor coisa que eu fiz...

Eu: Ó mãe, olha que este almoço também está mesmo muito bom!

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Mãe, em momento depressivo #2: Não sei se tenho sido a mãe que vocês gostavam...

Eu: Olha, eu também não. Não tenho outra, logo, não tenho termo de comparação.

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Mãe, em momento depressivo #3: Cheguei a ter medo de conduzir.

Eu: Eu todos os dias tenho medo de conduzir. Ao preço que a gasolina está, tenho mesmo muito medo.

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Mãe, em momento depressivo #4: Talvez na próxima reencarnação...

Eu: Como é que sabes que não vais reencarnar numa planta qualquer, ali exposta aos elementos, a abanar de um lado para o outro e a levar com cocó de pássaro em cima? O melhor é aproveitares agora.

Mãe, a náufraga da www #4

Outubro 18, 2012

A Mãe criou, sem ajuda, uma página no Facebook e compreendeu muito (mas mesmo muito!) mais depressa do que eu a dinâmica dos amigos, dos amigos dos amigos, das sugestões, das mensagens e dos convites.

É tão bom vê-los voar sozinhos, não é? :)

Delícias

Outubro 04, 2012

Sobrinha-mais-linda-do-mundo que, sem nada que o fizesse prever, desliga as pilhas por uns instantes, se lança para o meu colo, enrola os braços à volta do meu pescoço, aninha a cabeça no meu ombro e fica muito sossegadinha a ouvir-me cantar o tão-balalão, cabeça de cão, orelhas de gato...

:)

Agosto 01, 2012

Desculpem a ausência de notícias, mas quase que nem sei o que é um computador. Ando demasiado ocupada a mimar a sobrinha-mais-linda e a alimentar a minha bicla com (muitos) quilómetros.

Ora bem, onde é que eu fiquei mesmo?

Janeiro 24, 2012

O Natal.

A ideia de só comprar prendas para as crianças foi cozinhada durante algum tempo e quando finalmente tomámos uma decisão, aproveitámos que o forno estava ligado e pusemos lá dentro as lembranças para os adultos... literalmente. Passei dois dias inteiros a fazer tabuleiros de biscoitos, que depois enfrasquei, etiquetei e embrulhei em sacos (mais um bocado e ficava com calos nas mãos de tanto puxar pela mola do dispara-biscoitos).

Como este ano havia o fator casa nova, fizemos também questão de ser os anfitriões de dois jantares de Natal… em dois dias seguidos. Cansaços à parte, a verdade é que o espaço e as condições que agora temos só fazem sentido quando partilhados com as pessoas de quem gostamos. Algumas tiveram dificuldade em perceber isso e tivemos mesmo de as ameaçar com uns quantos “Se não for cá em casa, não há Natal para ninguém!”.

No final, acabou por correr tudo bem. Numa das noites éramos treze à mesa (algo impensável na casa antiga) e podíamos facilmente sentar mais umas cinco ou seis pessoas. Haja pratos, talheres, copos e panelas grandes e daqui a nada estamos a organizar casamentos. Foi bom, todos gostaram e nós… bem, nós gostámos mesmo muito :)

A árvore de Natal, agora com um canto próprio na sala, só foi desfeita este fim-de-semana. Em toda a sua existência, nunca tinha tido os ramos completamente abertos, dado o espaço que roubava e os encontrões que sofria. O espartilhamento da dita era tal que as decorações que temos parecem subitamente pequenas e demasiado minimalistas.

O marido diz que ninguém se vai esquecer das nossas prendas e eu espero que não seja por terem ficado com uma valente dor de barriga…

Pela primeira vez em muitos, muitos anos, o Natal voltou a ter parte daquela magia que eu sentia quando era criança e acho que a diferença foi mesmo por termos conseguido dar um pouco de nós próprios àqueles que nos são próximos. Tudo o resto à parte, só por este Natal já valeu a pena termos trabalhado que nem uns lemmings obstinados para termos a casa nova pronta.

Chama imensa

Fevereiro 16, 2011

Há uma adivinha que reza qualquer coisa do género: "Se só tiver um fósforo e entrar num quarto frio e escuro onde existe um candeeiro a petróleo, uma vela e um aquecedor a gás, o que acende primeiro?". A resposta correcta é, logicamente, o fósforo... excepto no caso da Mãe.

A Mãe iria primeiro ao fogão da cozinha.

Senão vejamos os passos que segue para acender a lareira:

  1. gastar, em vão, todos os fósforos de uma caixa novinha em folha;
  2. resmungar porque as lixas de hoje em dia não prestam para nada;
  3. lembrar-se que tem um acendedor que usa no fogão;
  4. descer até à cozinha;
  5. lembrar-se que o acendedor não tem gás e, por isso, só faz faísca;
  6. abrir um dos bicos do fogão e usar a faísca do acendedor para o acender;
  7. ir buscar uma vela;
  8. acender a vela na chama do fogão;
  9. apagar o fogão;
  10. levar a vela até à lareira (que, recordemos, está no andar de cima);
  11. acender, finalmente, a lareira, usando a vela;
  12. usufruir do calor e do crepitar da lenha.

 

Não havia eu de sair assim tão inteligente como saí...

Entretanto, noutro local não muito longe dali...

Fevereiro 11, 2011

A Avó, Mãe da Mãe, sempre tentou fazer de mim uma senhora "à séria". Há uns vinte, vinte e cinco anos atrás, e na cabeça da Avó, isso significava transmitir-me não só valores como... lavores.

Lembro-me bem - tão bem - de estar sentada à beirinha da cama da Avó, com ela à minha frente, de agulhas nas mãos e esquemas complicados no colo, novelos e novelos de linhas por todo o lado e uma persistência infinita a ensinar-me os passos e os preceitos todos.

Aquelas tardes eram para mim um pesadelo. Sempre gostei de trabalhos manuais, mas trocava de bom grado as agulhas por pregos sem sequer pestanejar. Os nomes eram confusos. As costas doíam-me. As malhas saltavam e perdiam-se. Os enganos só eram descobertos quando já ia umas sete ou oito carreiras mais à frente. Pior, muito pior, do que tudo isto era o sol que fazia na rua e o vento nas árvores que parecia chamar por mim. Eu suspirava, suspirava, suspirava... e lá endireitava as agulhas e esforçava-me por prestar atenção à Avó (dizer que não a tanto empenho parecia-me uma maldade muito grande).

Até renda de 5 agulhas eu fazia. Com "gatos", é certo, mas fazia... usando pedaços de cortiça na ponta das agulhas para (tentar) evitar a tragédia maior de qualquer senhora dos lavores digna desse nome: a frustração das malhas caídas.

Hoje, vinte ou vinte e cinco anos depois daquelas tardes, pego nas agulhas de tricot da Mãe e

- Ó Mãe, como é que se com...

e antes de terminar a frase, dou por mim a montar uma carreira quase sem olhar, com os dedos a andar ligeiros para trás e para a frente, como se tivesse sido ontem que me sentei à beirinha da cama da Avó.

Wow.

A memória é, de facto, algo extraordinário.

(Interrogo-me se, pegando num tecido de algodão e começando a puxar linhas, também me lembrarei automaticamente daquelas barras para toalha que aprendi a fazer. Hei-de experimentar...)

Entretanto, e porque, afinal, com pregos ou com agulhas, trabalhos manuais são sempre trabalhos manuais, naqueles bocadinhos entre o jantar e o ir dormir (ou entre o tentar jantar e o adormecer em cima do prato), ando a dar corda aos dedos. Ou melhor, ando a dar trapilho aos dedos. E, claro, culpa das pesquisas para a quase-casa-nova, a IKEA foi a minha inspiração:

[imagem daqui]

Believe it or not, apesar de nas fotos parecerem penicos, ao vivo estão verdadeiramente engraçados.

Avó J., fui eu que fiz!

Leadership

Janeiro 04, 2011

Decidido que estava que íamos passar a passagem de ano com a Mãe, eu e o Irmão combinámos tudo entre nós – quem levava o quê, jogos, horas, etc.. No fim, digo:

- Bom, agora só falta telefonar à Mãe e dizer-lhe que tem de fazer o jantar para nós todos.

Conselhos fraternais

Janeiro 04, 2011

Irmão [com a perspectiva de ficar desempregado dentro de seis meses]: Estou deprimido…

Eu: Deprimido? Não podes. Se ficares – repito – SE ficares desempregado, é só daqui a seis meses. Não vais conseguir manter a depressão até lá, por isso mais vale dizeres-lhe que vá dar uma curva e que volte umas três semanas antes. Aí sim, podes deprimir.

Irmão: É tão bom ter uma conversa séria contigo…

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