Cambada de deprimidos
Se não me querem ouvir dizer que as minhas férias foram mesmo muito, muito, muito boas enquanto fazem uma cara de enterro e suspiram de volta "Ehhmm... as minhas passaram-se...", não perguntem.
Se não me querem ouvir dizer que as minhas férias foram mesmo muito, muito, muito boas enquanto fazem uma cara de enterro e suspiram de volta "Ehhmm... as minhas passaram-se...", não perguntem.
Pinhal. Caruma. Respirar. Calor. Pedalar. Ar. Praia. Areia. Ondas. Mergulhos. Nadar. Conchas. Sal. Sol. Água. Sabores. Sorrisos. Gargalhadas. Fruta. Sons. Dormir. Ler. Serras. Sossego.
Setembro desperta em mim sentimentos de amor-ódio que não sei bem explicar. Ficou-me da infância o trauma do final da liberdade das férias em conjunto com a satisfação do regresso à escola e dos cadernos em branco. O castigo de levantar cedo mas a pressa de ir aprender. A falta de ar livre e dos joelhos esfolados nos pedais da bicicleta mas o sentido de responsabilidade das pessoas grandes.
Desde que comecei a fazer férias em Julho que consegui atenuar os efeitos deste trauma. Tenho todo o mês de Agosto para, muito, muito lentamente, recuperar o ritmo e em Setembro, quando a maior parte da manada humana faz a sua rentrée, já o meu espírito está relativamente conformado e já o meu corpo relembrou os truques para se manter acordado após a hora de almoço.
Sem que desse por isso, Setembro passou também a ser o mês das efemérides. No outro dia apercebi-me que faz agora exactamente seis anos desde que tomei uma decisão (ou que uma decisão me tomou a mim (e de assalto), ainda não percebi muito bem...) que me revirou a forma de encarar a vida, e um ano desde que tomei uma outra decisão que tornou essa reviravolta ainda maior.
Tenho esperanças que o mês nove do ano que agora corre (e como corre… já estamos em Setembro?!) me traga alguma paz, algumas certezas e, se lhe der novamente para os acontecimentos marcantes, que sejam daqueles mesmo, mesmo bons. Como, por exemplo, a conclusão da casa nova! ;o)
Cinco horas de praia.
Muitos mergulhos no mar.
Flutuar de olhos fechados.
Bom tempo.
Jantar fora… no terraço.
Comer figos.
Estar contigo.
Reaprender a respirar.
E ter uma put@ de uma dor de cabeça resistente a tudo...
Há exactamente duas semanas que aquilo a que oficial e corriqueiramente chamamos de férias terminaram. No final desses quinze dias úteis seguidos, perguntaram-me se foram “boas” e eu dei por mim a enrolar as frases e sem saber, sinceramente, o que responder.
Não quero usar a palavra fracasso, mas é a única que me ocorre.
Tentando olhar para o lado positivo das coisas (se é que ele existe...), posso dizer que passei por experiências novas, as tais que são supostamente enriquecedoras. A verdade é que preferia não ter de o ter feito, principalmente porque foi praticamente inútil. Os dias acabaram por passar sem que deles resultasse algo que agora me fizesse sentir que tinha valido a pena. Isso desanimou-me um bocado e deixou-me com a sensação de preciso-urgentemente-de-férias-a-sério…
A praia, o meu grande refúgio e carregador de baterias, presenteou-me com bandeiras amarelas e vermelhas das poucas vezes que lá consegui ir. Não dei um único mergulho no mar (vinguei-me ontem e soube-me a pouco).
Com muita, muita, muita pena minha, também não pude estar com os amigos (nem sequer com os “marinheiros”). E tenho saudades.
A casa nova, um dos nossos projectos-maiores, não ficou pronta (seria em Julho do próximo ano?). Apesar de tudo, embora não pareça, o construtas-man ainda não desistiu de nós... nós é que já estamos cansados.
Sei que daqui a uns tempos sou capaz de reler isto e pensar “estava mesmo parva”, mas é o melhor que se arranja por agora. Não me apetece propriamente escrever (ou lamentar-me, o que, neste momento, é quase a mesma coisa), mas cá estou eu, trying and smiling as always :)
Descobri que aqueles cubos de rede com pedra lá dentro, utilizados para suster taludes, são enchidos manualmente.
E vou de férias.
Nestas férias, deixei todos os deveres domésticos de engomadoria para o último dia (e hoje doem-me as costas por causa disso).
Nestas férias, descobri o verdadeiro prazer de meter tachos e panelas na máquina de lavar loiça (e de depois os encontrar a reluzir!).