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outros dias

[dia] período de uma rotação terrestre; no plural, existência

There is nothing like today

Dezembro 13, 2013

Aqui há dias, estávamos eu e o marido reunidos com uns amigos, a repastar depois de um belo passeio de bicicleta, quando na televisão, que estava ligada num canal que só dá música (é verdade, o que é que aconteceu à MTV???), começaram a passar hits dos anos 90. Durante alguns momentos sucederam-se os comentários "Tchii... lembram-se deste? E deste?", "Olha, tão magro!", "Ahahah, que penteados!" mas rapidamente retomámos a comezaina. Todos menos uma das amigas que, completamente vidrada naquilo, só suspirava "Que saudades, que saudades... belos tempos!". A coisa bateu-lhe de tal forma que virou as costas a quem estava na mesa e mergulhou completamente nas suas recordações musicais da adolescência.

Aquilo fez-me toneladas de impressão. Não sinto saudades nenhumas da minha adolescência. Nunca me senti tão bem comigo própria e com a vida como agora. Quais anos dourados, qual carapuça. Mesmo com todos os seus revezes, o presente é que é!

Balanço(a) natalício

Janeiro 17, 2013

Não foi o Natal com que sonhámos, mas, usando a expressão do Sr. Silva, foi o Natal possível.

Não falo da crise, das prendas, dos consumismos. Falo de pessoas. De calor humano. De gestos, pequenos, imensos. De coisas que não custam nada. A verdade, bem resumida, é que estivemos com quem quis, de facto, estar connosco.

Agora que penso nisso, não foi o Natal possível: foi o Natal real. Houve gargalhadas, fotos cómicas, conversas sérias, conversas sem sentido, brincadeiras, jogos, filmes, séries, passeios, telefonemas, abraços apertados, beijos demorados, olhares com mil significados, partilhas, coisas doces, saudades apertadas.

Houve, acima de tudo, amigos por perto (fossem família ou não). Um Natal real e, por isso mesmo, um Natal bom.

Ora bem, onde é que eu fiquei mesmo?

Janeiro 24, 2012

O Natal.

A ideia de só comprar prendas para as crianças foi cozinhada durante algum tempo e quando finalmente tomámos uma decisão, aproveitámos que o forno estava ligado e pusemos lá dentro as lembranças para os adultos... literalmente. Passei dois dias inteiros a fazer tabuleiros de biscoitos, que depois enfrasquei, etiquetei e embrulhei em sacos (mais um bocado e ficava com calos nas mãos de tanto puxar pela mola do dispara-biscoitos).

Como este ano havia o fator casa nova, fizemos também questão de ser os anfitriões de dois jantares de Natal… em dois dias seguidos. Cansaços à parte, a verdade é que o espaço e as condições que agora temos só fazem sentido quando partilhados com as pessoas de quem gostamos. Algumas tiveram dificuldade em perceber isso e tivemos mesmo de as ameaçar com uns quantos “Se não for cá em casa, não há Natal para ninguém!”.

No final, acabou por correr tudo bem. Numa das noites éramos treze à mesa (algo impensável na casa antiga) e podíamos facilmente sentar mais umas cinco ou seis pessoas. Haja pratos, talheres, copos e panelas grandes e daqui a nada estamos a organizar casamentos. Foi bom, todos gostaram e nós… bem, nós gostámos mesmo muito :)

A árvore de Natal, agora com um canto próprio na sala, só foi desfeita este fim-de-semana. Em toda a sua existência, nunca tinha tido os ramos completamente abertos, dado o espaço que roubava e os encontrões que sofria. O espartilhamento da dita era tal que as decorações que temos parecem subitamente pequenas e demasiado minimalistas.

O marido diz que ninguém se vai esquecer das nossas prendas e eu espero que não seja por terem ficado com uma valente dor de barriga…

Pela primeira vez em muitos, muitos anos, o Natal voltou a ter parte daquela magia que eu sentia quando era criança e acho que a diferença foi mesmo por termos conseguido dar um pouco de nós próprios àqueles que nos são próximos. Tudo o resto à parte, só por este Natal já valeu a pena termos trabalhado que nem uns lemmings obstinados para termos a casa nova pronta.

Morreste-nos

Maio 20, 2011

Eras filha, irmã, neta, sobrinha, prima, amiga, colega, companheira. Eras sorriso, inteligência, perspicácia, carácter. Eras vontade, garra, coragem, amor, alegria. Eras pessoa, valor acrescentado, abraço caloroso.

Mais do que tudo o que eras, a nossa dor maior é pensar em tudo o que ainda podias vir a ser, tudo o que ainda podias vir a alcançar, tudo o que ainda podias vir a conhecer.

Tentamos entender e fracassamos. Tentamos buscar um sentido e não o encontramos. Apenas sabemos que fazes falta.

Post of the day

Dezembro 28, 2010

Estar a contar um episódio que nos aconteceu, com grande empolgação, gesticulando e fazendo sons a acompanhar e a pessoa que nos ouve (e com quem, por acaso, não falamos há algum tempo) cortar o relato a meio e dizer placidamente:

- Já sabia, li no teu blog / no teu facebook.

 

 

How’s that for weirdness?

unplugged

Dezembro 22, 2010

criança de nove anos: não tens zon?

eu: não.

criança de nove anos: tens o quê?

eu: uma antena simples no telhado. tenho quatro canais.

criança de nove anos: [silêncio embasbacado]

eu: vejo a RTP1, a RTP2, a SIC e a TVI.

criança de nove anos: [silêncio embasbacado]

eu: na maior parte das vezes adormeço no sofá ao fim de cinco minutos, por isso, na prática, não vejo nada.

criança de nove anos: [com voz escandalizada] tu só tens quatro canais?!

eu: sim. tenho quatro e vejo quatro.

criança de nove anos: [com orgulho] eu tenho 299!!

eu: 299? e desses canais todos, quantos vês?

criança de nove anos: [olha para o tecto e faz contas de cabeça em silêncio]

eu: não vês os 299, pois não?

criança de nove anos: [sorrindo] não. vejo quatro, também.

Afectos

Maio 27, 2010

Queixo-me demasiadas vezes das pessoas e do impacto negativo que algumas têm sobre mim, pela suas acções e palavras que me magoam inesperadamente e me fazem fechar abruptamente a torneira dos afectos. Mas, é preciso assinalá-lo, também tenho pessoas na minha vida que estão no pólo oposto e bem no centro do meu coração. Pessoas que, por mais pitosga, esquecida, despenteada, rezingona ao acordar, esgrouviada, com parafusos a menos, barulhenta e estridente a dar gargalhadas, física e mentalmente descoordenada, distraída, hipersensível para as coisas mais parvas, com ataques de mau humor, anti-social, inflexível, medrosa, cheia de manias, etc., etc., etc., que eu seja, se mantêm ao meu lado e me empurram para a frente nas horas boas e nas horas menos boas, dão abraços calorosos, piscadelas de olho cúmplices e sorrisos rasgados que dizem muito mais do que qualquer discurso ensaiado, email cheio de palavras compostas, sms fora de horas ou posts em blogs.

 

E eu, eu-pessoa-cheia-de-defeitos, sou uma sortuda porque tenho amigos mesmo, mesmo, mesmo bons.

Portugal, século vinte e um

Novembro 28, 2008

Mulher jovem, trabalhadora a recibos verdes, engravida.

Depois de comunicar o seu estado de graça à entidade patronal, vê os seus serviços serem dispensados, sem direito a subsídios nem indemnizações.

O tempo passa e a criança nasce.

Alguns meses depois, a mulher jovem consegue um novo emprego. Mais uma vez, a recibos verdes.

Decorridos alguns meses, a mulher jovem engravida do segundo filho.

Comunica o seu estado de graça à nova entidade patronal. A história repete-se: é dispensada.

 

E o Sr. Silva ainda vem à televisão perguntar o que é preciso fazer para que nasçam mais crianças em Portugal...

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