Janela com vista para o muro do vizinho

Não tenho falado nas obras. Porquê?

Pouco ou nada há a assinalar.

Vi a cozinha ser invadida por uma brigada de intervenção composta por três homens demolidores que, num único dia – num único dia, repito –, descascaram completamente as paredes e abriram o buraco da futura janela. Verdadeiramente impressionante, garanto-vos.

A partir daí, a velocidade de trabalho entrou em modo cruzeiro. Daqueles que atravessam o Mediterrâneo todo.

Rebocar é uma arte minuciosa. Não é por se tratar de uma mistura de cimento, areia e água que se vão fazer as coisas de qualquer maneira. Calma, portanto.

E se rebocar é uma arte, assentar azulejos mais ainda. E como qualquer arte, deve ser admirada. Enquanto o ladrilhador trabalhava, o servente e o pedreiro iam exclamando uns quantos "'tá ficando bonito!".

Chamou-se depois o homem da tinta. Que se esqueceu de pintar a aduela da porta mas, em contrapartida, pintou uma parede que não era suposto (pelo menos para o chefe dele). Achei-lhe graça porque tinha um escadote igualzinho ao nosso. Igualzinho.

No mesmo dia das pinturas (devidas e indevidas), as tábuas, plásticos, ferros e sei lá mais o quê que tapavam o buraco-aberto-pelos-homens-demolidores foram finalmente substituídos por uma janela a sério. Com barras que não queríamos. Com um vidro que não queríamos. Mas, hei... era uma janela (é incrível a quantidade de água que pode entrar por um buraco-aberto-por-homens-demolidores vinda do escoador de um terraço, mesmo quando não está a chover)

Faltava então a parte eléctrica, fixar os armários de parede e colocar o esquentador. Um dia? Um e meio? Dois? Mais? ... Apostas, aceitam-se.

Quando experimentávamos o regresso das águas quentes correntes, a lâmpada da cozinha explodiu e o esquentador desligou-se sozinho (ou o esquentador desligou-se sozinho e a lâmpada explodiu). Foi pena, porque a lâmpada tinha misteriosamente deixado de acender assim que o pintor recolheu os baldes, trinchas e rolos e estávamos mesmo, mesmo contentes por, afinal, não ser preciso trocá-la.

Os armários... que dizer sobre os armários? São maiores que os anteriores e estão mais alto que os anteriores (alguém sabe com que idade é que paramos de crescer?).

Fora isto, nada a assinalar, como referi.







Excepto, talvez, a pedra para a bancada. Ou os armários inferiores. Ou os ângulos rectos-que-afinal-são-obtusos-e-agudos. Ou o exaustor. Ou a placa. Ou as gavetas que "chegam em Março mas não sabemos quando". Ou ainda o quão hilariante e divertido é ter uma mesa de campismo no escritório e um alguidar com copos e tigelas na banheira.


Hmmmm.
Acho que vou ter de escrever outro post.
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publicado por outrosdias às 12:25
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