The fifties
Nos tempos da escola, achava imensa piada às colegas que dedicavam horas e horas de secador às suas cabeleiras, para esticar, enrolar, compor, fosse o que fosse. E quando digo piada é mesmo piada, de quase me rir por não compreender tanto empenho.
Eu sofro de cabeleireiro-fobia. Ou antes, de secadorofobia. Nas sessões de tortura, perdão, de desbastanço de trunfa, peço sempre
- É só para tirar o excesso de água, se faz favor.
Nunca quero secar completamente.
(além disso, desconfio que aquele calor todo não pode fazer bem aos neurónios...)
Em casa, tenho dois secadores. Um todo xpto que comprei num ataque momentâneo de insanidade e que apenas vê a luz do dia durante uns breves minutos durante o ano inteiro (se vivesse no Alasca, acho que teria mais sorte). E outro que me saiu numas rifas (ou quase) e que é tratado como pau para toda a obra (ou assim seria se efectivamente o utilizasse).
De notar que a palavra obra não foi escolhida ao acaso: o dito cujo já serviu para tentar derreter tubos de plástico.
Bom, mas adiante.
Hoje finalmente percebi. Defronte do espelho, a olhar para o meu cabelo completamente desanimado, lembrei-me da tal piada que achava às minhas colegas e recorri ao secador para me pentear.
Sim, pentear a sério, a prestar atenção ao que fazia e a esforçar-me de verdade para dar um jeito a uma coisa que estava sem jeito nenhum (recordo que, por estas bandas, o estado natural é o desgrenhado e o jeito para dar um jeito é nulo).
O segredo é, afinal, bem simples (apesar de não ser suficiente para me render): sair de casa com uma poupa firme e bem empinada no cimo da testa faz maravilhas ao ego.
É claro que, para a próxima, meto um gorro até às orelhas e perontos.
Eu sofro de cabeleireiro-fobia. Ou antes, de secadorofobia. Nas sessões de tortura, perdão, de desbastanço de trunfa, peço sempre
- É só para tirar o excesso de água, se faz favor.
Nunca quero secar completamente.
(além disso, desconfio que aquele calor todo não pode fazer bem aos neurónios...)
Em casa, tenho dois secadores. Um todo xpto que comprei num ataque momentâneo de insanidade e que apenas vê a luz do dia durante uns breves minutos durante o ano inteiro (se vivesse no Alasca, acho que teria mais sorte). E outro que me saiu numas rifas (ou quase) e que é tratado como pau para toda a obra (ou assim seria se efectivamente o utilizasse).
De notar que a palavra obra não foi escolhida ao acaso: o dito cujo já serviu para tentar derreter tubos de plástico.
Bom, mas adiante.
Hoje finalmente percebi. Defronte do espelho, a olhar para o meu cabelo completamente desanimado, lembrei-me da tal piada que achava às minhas colegas e recorri ao secador para me pentear.
Sim, pentear a sério, a prestar atenção ao que fazia e a esforçar-me de verdade para dar um jeito a uma coisa que estava sem jeito nenhum (recordo que, por estas bandas, o estado natural é o desgrenhado e o jeito para dar um jeito é nulo).
O segredo é, afinal, bem simples (apesar de não ser suficiente para me render): sair de casa com uma poupa firme e bem empinada no cimo da testa faz maravilhas ao ego.
É claro que, para a próxima, meto um gorro até às orelhas e perontos.