Aos conjuntos de cinco é mais barato
Outubro 19, 2011
Casa nova que se preze tem, como é óbvio, obras depois das obras. A nossa não é excepção e avançámos com uns arranjos exteriores que estavam na calha e que um dia talvez se venham a traduzir numa pequena horta. Estes arranjos fazem pó e, por isso, não tenho deixado a roupa estendida na rua durante o dia. Além disso, o estendal (ainda improvisado...) está precisamente no meio do sítio onde os pedras-men têm de trabalhar e partilhar a minha roupa com eles não é algo que me agrade propriamente... Assim sendo, tenho tido o cuidado de estender a roupa na véspera, ao fim do dia, e tirar tudo rapidamente de manhã, passando o que ainda não estiver seco para um estendal colocado dentro de casa.
Esta semana, devido à falta de materiais, os arranjos pararam e eu aproveitei para baixar a guarda. Ontem tirei apenas parte da roupa que estava estendida, deixando na rua as peças que ainda não estavam completamente secas. Quando regressei a casa, reparei, com grande constrangimento, que afinal os pedras-men tinham lá estado a trabalhar... lado a lado com a minha querida roupa lavada, aquela mesma que eu com tanto cuidado e obsessão andava a evitar deixar na presença deles.
Paralisada em frente às molas, insultei-me mentalmente várias vezes, desconsolada e envergonhada até à medula com a distracção fatal. É que o que tinha ficado na linha eram nem mais nem menos do que... cuecas. Muitas, muitas cuecas, de várias cores, com bonecos, lisas, novas, velhas. Toda a minha roupa interior esteve ali, bem à vista e bem à frente dos pedras-men, ao longo de um dia inteiro.
Depois disto, a esperança que eu tinha de manter, durante algum tempo, uma imagem respeitável simplesmente desvaneceu-se. Nunca mais conseguirei erguer dignamente os olhos para os pedras-men sem visualizar florzinhas e coraçõezinhos.