Enxurrada
Outubro 17, 2011
Estive duas semanas doente e mais duas semanas com tosse e não sei se foi disso ou doutra coisa qualquer, mas sinto-me cansada, tão cansada, sem qualquer sinal de energia, imersa debaixo da austeridade, do calor, das alergias, das palavras que se engasgam e do pó das obras, dos amigos que estão e dos que não estão, das saudades, da praia, do ser-peludo-que-vive-connosco, dos livros e da bicicleta, da agenda, dos números inteiros e das letras infinitas, da lista imensa de sonhos e ideais, do sofá que me multiplica exponencialmente a inércia, da vida que passa por mim a uma velocidade que não consigo acompanhar, e só me apetece dormir, dormir, dormir, mas quando pouso a cabeça na almofada, só ouço o coração a bater, a bater, a bater, numa cadência e num eco que não me deixam sossegar e depois quando finalmente consigo, o despertador assassina-me todas as esperanças e diz-me que não é suficiente, não chega, é preciso mais, e lá vai disto que um novo dia começa e não se pode desperdiçar nada.