outros dias

As promoções da Fnac estão a dar-me olheiras...

Depois de andar com a minha identidade caducada durante uns meses, lá fui, trémula de emoção (estas coisas burocráticas deixam-me sempre assim...), tratar do já famoso Cartão de Cidadão.

O pedido em si foi bastante rápido mas quando recebi o cartão nas mãos, não pude deixar de me sentir um pouco desiludida com o aspecto da coisa. As minhas gargalhadas convulsivas e quase incontroláveis depois da senhora me dizer que não me podia rir para a fotografia deixaram-me a fazer biquinho com a boca, como se estivesse ali a sorver energeticamente uma palhinha imaginária. Estou inclinada para um dos lados e a olhar para o imenso infinito que ficava algures para cima e para a minha esquerda. Para ajudar à festa, a foto é a preto e branco, o que me dá um ar bastante perigoso de "Procura-se" do antigo faroeste.

Enfim. Anda aqui uma pessoa a treinar anos a fio para ficar bonitinha na fotografia do Bilhete de Identidade, nem muito séria nem com a cremalheira toda de fora, nem de olhos fechados nem com eles tão esbugalhados como se estivesse a ver um filme de terror, razoavelmente penteada e quando chega ao ponto óptimo, pimba, agora é tudo automático, "Não se pode rir", "Quer baixar ali aquele tufo de cabelo?", "Olhe para o centro", "Se tirar outra não pode voltar atrás".

Ah... e aqueles números todos que temos, hmmm? Juntaram-se cinco cartões num só mas continuamos, inexplicavelmente, com uma boa mão cheia de números diferentes que nos identificam perante uma série de serviços… do Estado. Não nos podiam dar também um Número Único (NU)? E adoptar a nomenclatura “Cartão Único” (CU) em detrimento deste politicamente correcto “Cartão de Cidadão” seria igualmente engraçado… teríamos todos um NU-CU.

Sim, um NU-CU. Pensem bem e verão que é uma ideia genial, meus amigos. Depois da Via Verde, isto é algo em que Portugal podia vir a ser pioneiro e lembrado através dos tempos. Até já estou a imaginar as manchetes: "Portugueses inventam NU-CU", "Simplex NU-CU", "NU-CU é fácil e rápido".

Genial, ouçam o que eu digo.

Quando apareceram os primeiros casos de contaminação pela bactéria E. Coli, os consumidores deixaram de comprar pepinos, tomates e outros legumes que normalmente são comidos crus. Os produtores, em desespero pela queda das vendas, resolveram oferecer estes legumes como forma de mostrar que o seu consumo era seguro. Passámos então a ver as mesmas pessoas que tinham renunciado ao lado vegetariano das suas dietas a saírem dos supermercados carregadas de caixas e de sacos a abarrotar de coisas verdes e vermelhas.

Moral da história? A bactéria pode meter medo, mas se for de borla, já não assusta ninguém...

Nas obras para a nova auto-estrada que estão a construir perto de minha casa, fizeram três rotundas num espaço de 400 metros.

Eu cá acho muito bem: finalmente pensaram naqueles condutores que gostam de andar eternamente em loop.

- Estás cansada?

- Não...

Quinhentas e oitenta e oito páginas lidas no fim-de-semana.