outros dias

sonhar acordada impede-me de dormir.

se eu adiar consecutivamente uma coisa, será que essa coisa passa de prazo? e em passando de prazo, será que a posso deitar fora e nunca mais pensar nela?

ainda cansada.

it's time to be a big girl.

se calhar... se calhar não faz mal.

a dois metros de profundidade e com uns quantos metros cúbicos de água por cima, descubro que aquela é, provavelmente, a única pressão que neste momento consigo suportar sem entrar em crash mode.

não consigo evitar: as coisas, às vezes, invadem-me em catadupa.

a tarde já vai a meio.

experimentei gritar em frente ao espelho, mas saiu-me um guincho que se transformou em uivo. ri-me de mim própria e, tão certo como dois mais dois serem quatro, a seguir chorei.

aqui não há cenas dos próximos capítulos, pois não?

se tivesse de fazer uma descrição, diria que é como as ondas de uma maré que enche e que, a cada vaivém, nos roubam um bocadinho mais de areia, um bocadinho mais de chão. umas vezes mansamente, outras sem sequer dar tempo para nos desviarmos.

procuro lembrar-me da sensação que é conseguir respirar fundo.

aceitar uma inevitabilidade não é tão simples como se pensa.

divido os dias em blocos. a manhã já foi. a tarde já passou. a noite já está a acabar. aos poucos, passo a passo, vou vencendo barreiras. é mais fácil assim (ou impossível de outra forma).

Não doeu.

Uma pequena hesitação aos 7', outra aos 11', uma maior aos 19', mas todas superadas. A pulsação manteve-se dentro dos limites, a respiração também. Boa resposta muscular, alguma dificuldade em concentrar os pensamentos, minorada pela ideia de recompensa garantida e imediata como bóia de salvação. Mas consegui.

Consegui pedalar durante trinta minutos e não doeu.

Não doeu.

porra, pá. porra.

you've gotta love the fish.

tenho a maturidade emocional de um prego.

assusta-me a possibilidade de querer mais da vida do que aquilo que, efectivamente, virei a ter. tenho medo de não saber reconhecer o momento, o turning point, em que devo desistir e assumir a derrota, em vez de continuar a lutar ingloriamente contra moinhos de vento em batalhas sucessivas e desgastantes.

assusta-me ser confrontada com isso, com o momento-limite, e não ser capaz de o aceitar.