Quero
acreditar que sou capaz.
Ultimamente, tenho sentido - com alguma frequência - ataques de ira interior que me dão vontade de dar estaladas ao primeiro palerma que me aparecer à frente. São cada vez menores os níveis de paciência e tolerância para quem se esgatanha e passa por cima de todos para chegar lá.
Só me apetece estar em casa. Ou ir para a obra, adorar os azulejos e a paisagem.
A Mãe está um bocadinho triste porque pensava que a casa nova ia estar pronta no Natal.
- Ohh... assim não podemos fazer lá a festa.
Expliquei-lhe que a conclusão está prevista para Fevereiro, que ainda faltam muitas coisas e que o mais provável é que se atrase.
- Ohh... mas podemos fazer a festa na mesma!! Levamos lanternas e cadeiras e, se estiver frio, vestimos mais casacos!
- Mas que festa é que tu queres fazer?!
- Epa, uma qualquer!!!
Sou uma estúpida.
Constipei-me.
Ao menos que fosse gripe A, ou, vá lá, a gripe B, C, ou qualquer outra letra do alfabeto. Mas não. É mesmo uma reles constipação.
Que estúpida.
O ser-peludo-que-vive-connosco, que tem leishmaniose, coitadinho, que tem de comer uma ração xpto por causa da função renal, coitadinho, que me fez gastar uma pipa de massa com o milteforan porque me custava deixá-lo morrer sem tentar nada, coitadinho, que todos os dias engole um comprimido de manhã e outro à noite, coitadinho, que tem duas bolas para brincar mesmo como ele gosta, coitadinho, que merece longos períodos de corridas e saltos connosco, coitadinho, que nos assusta ao mínimo ganido, coitadinho, vingou-se de ter ficado sozinho em casa no sábado à tarde indo à corda da roupa, arrancando um lençol da linha, estraçalhando-o todo e, pelo caminho, comendo uma das molas.
Mas que grande CÃO!!, coitadinho.