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outros dias

[dia] período de uma rotação terrestre; no plural, existência

Chiado

Agosto 27, 2008

Houve um incêndio ao pé da minha casa. A uns 200 metros, mais precisamente. Labaredas altas, alimentadas por ervas, pinheiros e vento. E muitos mirones. Nunca tinha visto a minha rua tão movimentada como naquele momento, com pessoas com quem nunca me cruzei e que pelos vistos também moram ali. Aparentemente, a desgraça une.

 

Foi estranho.

 

Tivemos direito a vários carros de bombeiros e a um helicóptero da protecção civil, que, no meio do fumo, conseguiu despejar uns quantos baldes de água e apagar rapidamente a desgraça.

 

Há 20 anos foi no Chiado – sem qualquer comparação. Abri a janela e tinha cinzas a pairar à minha frente e o céu coberto de nuvens cinzentas, apesar da distância.

 

Parece que foi ontem.

Árvore centenária #2

Agosto 26, 2008

Assombrada com tal longevidade, comentei com o marido,


- Já viste que sorte? É bom sinal ter alguém na família a viver tantos anos!

 

Responde-me ele,

 

- Nem por isso. É um acontecimento raro, pelo que a probabilidade de acontecer acabou de ser gasta.

 

 

Ainda hoje me interrogo se aquilo seria só estatística ou pouca vontade de celebrar bodas de brilhante comigo…

 

(a tia-avó não casou nem teve filhos e, como tal, acredito que se tenha poupado muito bem, inclusive a comentários assim…)

Árvore centenária

Agosto 26, 2008

A tia-avó fez, na semana passada, 100 anos.

 

Cem.

 

Ainda vive sozinha, o que nos dá (muitas) preocupações. O seu sentido de independência, embora já não correspondendo ao que de facto pode fazer, não esmorece com o passar dos anos.

 

No dia de anos, recebeu telefonemas de família e amigos de quem já nem se lembrava. As pessoas tinham de ir dizendo de quem era filhas e onde tinham nascido para lhe reavivar a memória.

 

De mim disse que se lembra todos os dias.

Projecto(s)

Agosto 20, 2008

Deixámos passar quase duas semanas até irmos espreitar à máquina as fotografias tiradas durante as férias. Não sei ao todo quantas são. Mas são muitas. Do sul (menos bom) ao norte (excelente!), continuo a achar que o nosso país vale mesmo a pena.

 

Estamos a querer prolongar a sensação de descanso, mas há uma certa euforia no ar que não deixa.

 

Quem diria que trezentos e noventa e cinco metros quadrados de terra, ervas e calhaus nos fizessem tão felizes.

Mais outro que acha que as coisas têm de ter, forçosamente, uma longevidade muito curta

Agosto 12, 2008

No fim-de-semana, fui afinar as mudanças da bicicleta. O desviador dianteiro, fruto sei lá de que amuo, deixou de passar a corrente para o carreto maior, ficando-se pelos dois outros, mais fraquinhos (isto sou eu a armar-me em boa, que só uso as mudanças pesadas nas rectas com inclinação… para baixo).

 

À minha explicação “começou a fazer isso de um momento para o outro”, o senhor da oficina respondeu:

 

- Até me espanta que, ao fim de 15 anos, as mudanças funcionem sequer.

 

Fiquei a olhar para ele, sem saber se aquilo era uma nova técnica de venda, uma possível oferta de uma bicicleta nova ou, simplesmente, gozo. Consegui abster-me de fazer qualquer comentário, uma vez que o pobre coitado não chegou a conhecer o meu primeiro ferro de engomar.

Em Agosto chove sempre

Agosto 12, 2008

e nestas alturas sobra-me um contraditório de sensações, um misto de cheiro a folhas molhadas no Outono e um agarrar com as pontas dos dedos o que ainda resta do Verão, da praia, dos dias compridos e com sol.
 

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