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outros dias

[dia] período de uma rotação terrestre; no plural, existência

Antes e depois

Setembro 28, 2007

Antes das obras, as agências imobiliárias ofereciam-se, via caixa do correio, para encontrar, por nós, a casa dos nossos sonhos.

Depois das obras, as mesmas agências imobiliárias informam-nos que possuem vários clientes interessados em casas naquela zona e oferecem-se para, por nós, vender o nosso lar, doce lar.

Lol.

Wild, wild world

Setembro 26, 2007

Este fim-de-semana, vi na televisão um documentário sobre um grupo de pessoas, entre elas veterinários e tratadores, que, em Espanha, procede ao resgate de chimpanzés em situação de risco ou exploração.

Ao que parece, era muito comum utilizarem chimpanzés bebés nas zonas costeiras, mais propriamente nas praias, como forma de chamariz de turistas para sessões fotográficas com uma adorável destas crias selvagens. É claro que, para a cria selvagem ser adorável, eram utilizados métodos de "domesticação" muito pouco adoráveis, incluindo coisas tão simpáticas como queimaduras com pontas de cigarros.

Também mostraram o caso de dois chimpanzés que eram mantidos em casa e tratados como humanos - andavam de fraldas, vestiam roupa, tinham camas, etc.. Todo o seu lado selvagem estava completamente "desvirtuado". Quando os animais crescessem, seria praticamente impossível mantê-los domesticados como até ali e devolvê-los à natureza seria o mesmo que estar a entregá-los à morte.

As perturbações psicológicas de todos estes bichos eram visíveis. Situações aparentemente inofensivas espoletavam crises de stress e comportamentos semelhantes ao autismo.

Depois de resgatados, os animais eram levados para um "santuário" onde tinham espaço, contacto uns com os outros, alimentação adequada e cuidados médicos. A equipa é que não se livrava de telefonemas ameaçadores mas, felizmente, este tipo de situações já não é tão frequente assim e as autoridades estão hoje bem mais alerta para este problema do que antigamente.

Aparte o lado televisivo da coisa, foi bom ver o trabalho daquele grupo de pessoas e ver depois os chimpanzés devidamente integrados - felizes e saudáveis - num habitat mais ou menos natural.

No fim, ao assistir a tudo aquilo, não pude deixar de me sentir eu própria uma chimpanzé (chimpanzina? chimpanzona?) à espera de ser resgatada.

É um bocado parvo, eu sei.

...

Instinto

Setembro 26, 2007

A Mãe (e não só...) pede, com alguma insistência crescente, um neto.

- Dêem-me um neto. Pelo menos para perpetuar o meu sangue.

Assim, com estes pozinhos dramáticos todos, como se daí dependesse a sobrevivência da espécie humana nesta Terra em vias de extinção. A mim dá-me vontade de rir - principalmente pela argumentação apresentada -, seguida de uma certa vontade de gritar.
__________

Eu fui(?) daquelas miúdas maria-rapaz que quando virava o radar da atenção para as bonecas que teimavam em me oferecer, era para lhes arrancar cabeças, braços e pernas e afogá-las no lavatório ou no bidé, coisas bem mais engraçadas (e macabras!) do que tapá-las de noite e dar-lhes papinha e o aconchego do colo.

A única boneca de que verdadeiramente gostava chamava-se, em minha honra, Chorona. A cabeça fora recuperada de um dos meus exorcismos aquáticos e corpo era feito de pano, um tricot cor-de-laranja com recheio de espuma. Feia como tudo, tinha braços e pernas muito compridos - ou pelo menos assim me pareciam - e como eu me divertia a dar intermináveis nós pés-com-mãos-agora-a-cabeça-e-a-perna-depois-o-braço-com-o-joelho, em malabarismos impressionantes que a transformavam numa bola fantástica para ser chutada contra a parede ou contra a cabeça do irmão.

A Chorona foi A boneca da minha infância. Nasceu pelas mãos da Mãe e já há alguns anos que se mudou de armas e bagagens - acredito que também cor-de-laranja - para uma lixeira qualquer, mas é a única em que penso de vez em quando e que até teve direito a um canto na minha fraca memória.

Se fosse hoje, chamar-se-ia Chorona Gritona.

Aquela máquina

Setembro 21, 2007

Trabalhar por objectivos a contra-relógio e cumprir com tudo o que foi proposto duas horas antes do final do prazo significa duplicarem as tarefas para o dia seguinte e encorajarem a equipa com palmadinhas nas costas e "vocês são capazes".

E fomos.

Geração batata

Setembro 17, 2007

Ao ver-me regressar ao mercado porque me esqueci de levar batatas no dia anterior, a senhora dos verdes diz-me que é normal.

- Por causa da idade, não? - brinco.

- Não, menina. É por causa do cansaço. A vossa geração trabalha muito. Mais do que a nossa trabalhou.

Será?

Irmãos (mas pouco)

Setembro 14, 2007

Gosto dos pedrasmen - que também são tintasmen - que andam há quase dois meses a fazer-nos um lifting à casa.

São pessoas simples. Educadas. Prestáveis. Não muito bons em acabamentos mas sempre prontos para corrigir seja o que for. Trabalham devagar mas antes das oito da manhã já a betoneira anda a rodar e muitas vezes só saem de lá depois das sete da tarde. Não bebem, não fumam, levam as marmitas com o almoço e quando estou em casa, pedem-me para lhas aquecer no fogão. São do interior e têm um falar meio cantado a que achamos graça.

Aqui há dias, roubaram as calças a um deles. É cómica a imagem do homem apanhado SEM as calças na mão, mas apenas por alguns instantes. Nos bolsos tinha todos os seus documentos, as chaves do carro, de casa, dinheiro.

Foram fazer queixa às autoridades competentes. O GNR que tomou nota da ocorrência somou aos cumprimentos finais a seguinte frase:

- Isso deve ter sido um brasileiro qualquer que a esta hora já está longe!

As nossas forças policiais conseguem sempre surpreender-me com a sua delicadeza e profissionalismo.

Acredito que aos pedrasmen tenha acontecido o mesmo.

Mesmo sendo brasileiros.

Mais três leis da Sra. Murphy

Setembro 12, 2007

Para além desta, a vida da Sra. Murphy no que às compras diz respeito também se rege pelas seguintes leis, cientifica e empiricamente testadas e comprovadas:

. O carrinho de compras que escolhe está sempre empenado. Se voltar atrás e trocar por outro, esse também estará empenado. Se, numa tentativa de ludibriar o destino, deixar passar uma pessoa à frente para levar o segundo carrinho da fila, é certo e sabido que aquele também estará empenado. E se, num aparente rasgo de sorte, conseguir um carrinho que, à primeira empurradela, pareça funcionar bem, este irá guinar teimosa e irremediavelmente para um dos lados assim que se vir carregado de paletes de leite e garrafões de água.

. Quanto mais a senhora da secção de higiene pessoal afirmar que aquele creme praticamente não tem cheiro, maiores são as probabilidades de o seu aroma ser, na realidade, intenso. E se a senhora garantir a pés juntos que não cheira mesmo a nada, então é porque o pivete que deita é daqueles que se entranha na roupa e na pele, só saindo quatro máquinas e sete banhos depois, respectivamente.

. Na mesma altura em que decide não comprar mais comida e gastar toda a que está dentro da arca congeladora para poder proceder à limpeza da dita, o talho ou supermercado mais próximo lança uma promoção irresistível com descontos gigantescos. Acaba por abandonar a ideia inicial e acachapa o melhor possível o conteúdo da arca, por forma a caberem mais oito lombos de porco, quinze embalagens de peixe, vinte bases de tarte e seis quilos e meio de courgettes para a sopa.

Radioactividade

Setembro 11, 2007

Passei o dia de ontem em frente ao computador. À noite, fiquei até às tantas a explorar um software de criação de animações. Hoje vou pelo mesmo caminho.

E agora estou aqui com uns olhos de vampira que até metem medo ao conde Drácula.

Estúpida.

Sintonia

Setembro 06, 2007

Dava-me tanto, mas tanto jeito conseguir comunicar por telepatia.

Sentar-me em frente a uma pessoa, ela olhar para mim e saber, instantaneamente, todas as frases, palavras, dores, risos que guardo por não saber o que mais lhes fazer.

A minha cabeça devia ser como um canal de televisão e ter um botão on/off para quem quisesse ver.

De malas aviadas

Setembro 06, 2007

Olho à minha volta, para trás, para mim, e muito ou quase tudo se desmoronou e desfez em areias.

Seja por minha culpa, dos outros, da vida, do planeta que deu mais uma volta em torno de si ou do sol, a verdade é que tento fugir o mais que posso dos grandes "porquês" e "para quê" filosóficos.

Caso contrário, nem sequer me levanto da cama.

Mas hoje estou com os cantos da boca colados às orelhas.

Equilíbrio

Setembro 06, 2007

Há já algum tempo que desconfio da existência de uma qualquer combinação cósmica sobre isto. Algo do género pessoas que morrem vs pessoas que nascem, work sucks vs jogos fixes na net, a vida é uma merda vs chocolates perdidos no armário.

(desculpem o palavrão. há muito piores, num post que escrevi há uns meses. privado, porque falta-me a coragem)

E a regra desta combinação cósmica do equilíbrio é a compensação. Se há algo corre mal, há, ao mesmo tempo, algo que corre bem. Uma espécie de atenuante, uma liberdade condicional das angústias.

Vamos lá então pintar a casa

Setembro 04, 2007

Os pedrasmen são, desde ontem, também tintasmen.

Os nossos "já agora..." empataram-nos durante um mês e uma semana mas parece que finalmente se vão poder dedicar às pinturas.

Resta-me descobrir o que têm aquelas duas latas de Barbot que encontrei no quintal.

Será tinta?

Será água?

Será... surpresa?

Estes suecos sabem-na toda

Setembro 03, 2007

Alguém viu, na passada sexta-feira, dia 31 de Agosto, uma moçoila jeitosa na secção de mobiliário de escritório do IKEA a rir às gargalhadas de forma quase descontrolada?

Sim?

Pois fiquem sabendo que essa moçoila jeitosa era eu...

O motivo? Este.

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