E a pessoa em si? Lamentam-se actos e choram-se saudades, mas quantos pensam efectivamente nela e não naquilo que não se fez ou não se disse?
O que terá sentido? Dor? Dormência? Sufoco? Como terá sido o perder da consciência? Aos poucos, depressa, de uma só vez? Estava triste? Contente? Tranquila? Assustada? Ouvia o que se dizia à sua volta? Sabia que lhe pegavam na mão? Conseguiria pensar? E onde estava e para onde foi essa coisa abstracta a que alguns chamam alma? Esfumou-se?
O corpo enterra-se - à terra o que é da terra - mas o que acontece à pessoa?
Haverá um outro planeta, uma outra dimensão paralela a esta? Um céu, um inferno? Se eu fechar os olhos e estender o braço, estarei a tocar em alguém que não vejo e não sinto?
Será o nosso corpo apenas um abrigo temporário? Ou juntamente com ele extinguem-se todas as ideias e todos os sentimentos?
Confesso que não compreendo. Será, certamente, a minha costela lógica que mo impede, mas a verdade é que não consigo.
Porque, se formos analisar as coisas como elas são, não há lógica nenhuma nisto. Em estarmos num corpo com o tempo contado. Em termos os nossos pensamentos, sentimentos, acções, desejos, enclausurados num invólucro que, mais tarde ou mais cedo, se extingue. Em andarmos numa lufa-lufa diária a tentar aproveitar ao máximo, carpe diem, carpe diem, o amanhã nunca se sabe, daqui a um minuto nunca se sabe.
Odeio a sensação de ter as malas por desfazer. De não arrumar as coisas porque não há espaço ou não vale a pena ou são só alguns dias. O sítio onde estamos acaba por nunca ser nosso.
Podia estar a falar de hotéis ou de férias, mas não estou.
A sequência já está definida: Moby a sair pela grafonola (música de ganza, segundo o marido; eu concordo apenas na parte de me deixar ganzada e sem pensar no que estou a fazer) > abdominais > bicicleta > abdominais > elevações > abdominais > alongamentos > banho.
Começo por me deitar no instrumento de tortura que supostamente me dará uma barriga lisinha (dará é como quem diz... se fosse de borla, não custava tanto... malditas tostas com queijo!) e estou tão cansada e com tão pouca vontade de continuar que já nem me levanto dali e quase adormeço.
As senhoras das caixas registadoras da grande superfície comercial que dá pelo nome de *****
(e que também é responsável por aquela musiquinha idiota "é fácil, é como encontrar um trevo na tromba de um elefante!!")
deviam aprender a ensacar melhor as compras. Alguém tem de lhes dizer que num único saco cabem, no mínimo, duas ou três coisas e que não vem nenhum mal ao mundo se, por exemplo, juntarem os pacotes de leite com os frascos de doce ou o detergente da loiça com os chinelos da praia.
É que a quantidade de plásticos que trago para casa já começa a ser um atentado ambiental.
Além disso, qualquer dia não tenho onde guardar tanta sacaria, que o lixo que produzo não chega para dar vazão àquilo tudo.
começa o Outono e do Verão-Verão propriamente dito, nem rasto.
Em Novembro do ano passado, andávamos de t-shirt e calções.
Deixámos de ter "Verão, a estação" e passámos a ter "verão que não vai haver sol, calor ou praia".
Por forma a evitar mais enganos e frustrações, sugiro a junção dos quatro padrões climáticos num único, chamado primaveraverãooutonoinverno ou, abreviadamente, mas-que-treta-de-tempo.
Já fiz muitas coisas disparatadas em casa (como meter a roupa suja na sanita, deitar o prato e os talheres para o caixote do lixo ou tentar mudar o canal da televisão com o telefone, entre outras pérolas), mas a Mãe conseguiu bater todas: