lançou a moda e agora qualquer pasta de dentes que se preze garante efeitos branqueadores.
(se repararem, os revolucionários dentífricos branqueadores são anteriores às águas com sabores, mas ninguém fala nisso)
Não tendo como lhes escapar (embora os meus dentinhos não necessitem propriamente de ser branqueados - não fumo, não bebo café e a única poluição que me entra pela boca adentro - tirando as asneiras alimentares - é a mesmo a dos aviões, mas como não ando por aí de goelas abertas viradas para o céu...), lá comprei uma, que me pareceu maisoumenos.
(esta frase ficou esquisita)
Acordei a meio da noite com a língua a saber a decapante.
Eu juro que não as procuro. São elas que vêm ter comigo.
Ontem, visita ao meu amigo Toni. Pediram-me para esperar, que o Toni estava ocupado. Sentei-me. Na outra ponta, um grupo de velhotas cochichava. Só uma é que estava a ser atendida, todas as outras praticavam, descaradamente, coscuvilhice pura e dura.
- Mas ele está nu ou em cuecas? - ouvi, às tantas.
Apercebi-me, então, do que se passava. O Toni estava ocupado com uma... depilação. A um rapaz. A um rapaz que, das coxas para cima, quis livrar-se de todas a pilosidades existentes à face da pele.
- E que pelos ele tinha, Jazus! - exclamou o Toni, depois de concluída a suada tarefa e do depenado ter partido. - E o cuidado que tive, para não lhe provocar hematomas, ein? Mas ele era bom de fazer... contraía-se e esticava a pele...
As outras riam-se. Eu ria-me. O Toni não se ria e continuava:
- E ele pediu que fosse eu, viram? Sabe que tenho jeito... Depois de lhe meter óleo, parecia que tinha sido lambido por um boi!
- Para a semana aparecem cá os amigos - lancei, quase em lágrimas.
- Eles que venham, ora é essa! Eu faço-os a todos, a todos!
Qual é, afinal, a longevidade de um ferro de engomar "doméstico"?
O sogro, que é maisoumenos entendido nestas coisas (leia-se, maquinetas), achou fantástico e elogiou o facto de só ao fim de sete anos o meu se ter partido todo: sem aviso prévio nem qualquer ameaça, a base separou-se do corpo e desatou a espichar água e coisinhas pretas.
Foi giro. Principalmente a parte do elogio do sogro.
Eu continuo a achar que os ferros têm, no mínimo, uns dez ou quinze anos de vida útil.