As minhas horas de almoço são sempre surreais

Sentada na sanita, queixo-me de comichões e alergias causadas pela depilação. A Mãe, sem quaisquer pudores, entra pela casa-de-banho adentro e põe-se a mirar as manchas, pintas e borbulhinhas que tenho nas pernas. O irmão, também sem quaisquer pudores, entra atrás dela e ali ficam os dois a analisar a epiderme irritada dos meus membros inferiores.

Sinto-me como uma amiba enfiada dentro de uma placa de Petri e metida debaixo de um microscópio e estou quase, quase a gritar para me deixarem em paz, que tenho de ir trabalhar e que já não se pode estar sentada na sanita em sossego quando o irmão (que é meio-quase-todo hipocondríaco), diz que também tem uma mancha e aponta, sofrido para a mão. A Mãe vira as atenções para ele, ripostando, orgulhosa, com uma cicatriz recente no braço e enquanto ambos tiram as medidas àquelas coisitas sem importância, eu aproveito para me vestir e fugir dali para fora.
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publicado por outrosdias às 15:44
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