A felicidade chega pelo correio
Setembro 14, 2006
Há setecentos e setenta e seis dias atrás, estava bom tempo, fazia sol, corria uma brisa agradável. Lembro-me bem porque foi o dia em que tomei uma decisão muito importante: pedir o meu cartão de utente do Serviço Nacional de Saúde. Todas as pessoas que eu conhecia tinham um e eu achei que era giro ter também o meu, com o meu nome e o que mais lá quisessem pôr. Dirigi-me ao Centro de Saúde da minha área de residência, falei com quem tinha de falar, disse o que tinha de dizer, assinei onde tinha de assinar e em troca recebi uma folha A4 que, enquanto o cartão não chegasse, serviria de substituto. A folha era muito prática, dava para ser dobrada várias vezes, cabia na minha carteira e até tinha um carimbo azul. Quase me atrevo a dizer que era bonita (quase, quase).
Setecentos e setenta e seis dias depois, por detrás da porta ferrugenta e ensopada da minha caixa do correio descubro uma carta que diz que o cartão está pronto e que o posso ir buscar.
Tenho pena de me desfazer da folha A4 com o carimbo azul, mas nada se compara à felicidade que sei que irei sentir quando, finalmente, segurar nas mãos – trémulas de emoção, certamente – o meu tão desejado e já sebastiânico cartão do SNS. Serei, enfim, uma pessoa realizada.
(para os mais curiosos, setecentos e setenta e seis dias equivale a dois anos, um mês e quinze dias)
Setecentos e setenta e seis dias depois, por detrás da porta ferrugenta e ensopada da minha caixa do correio descubro uma carta que diz que o cartão está pronto e que o posso ir buscar.
Tenho pena de me desfazer da folha A4 com o carimbo azul, mas nada se compara à felicidade que sei que irei sentir quando, finalmente, segurar nas mãos – trémulas de emoção, certamente – o meu tão desejado e já sebastiânico cartão do SNS. Serei, enfim, uma pessoa realizada.
(para os mais curiosos, setecentos e setenta e seis dias equivale a dois anos, um mês e quinze dias)