outros dias

férias.

Arrumo gavetas. Ou antes: despejo gavetas. E encho sacos de lixo na mesma proporção (ou será na inversa?). Tenho dossiers abertos sobre a mesa. Outros já estão alinhados, dispostos como soldadinhos de chumbo. Prontos para as guerras que se seguem, fora das minhas mãos.

Luto para me manter acordada, para continuar. Mas a grande ironia é que o vazio maior não está nos papéis, nem nos folders do computador, nem sequer no copo das canetas.

Esqueci-me de como se fazem os dias, de como se pensa, de como se sente, de como se respira. Estou abafada, encolhida, alheia, alheada.

Cortina de ferro, cortina (corta-)fogo. Até queimar.

Odeio provérbios e frases feitas.

Será só a mim que apetece fugir? Abandonar este dia-a-dia que me atropela e abalroa sem dó nem piedade, nem aviso, nem com licença?

Será só a mim que apetece virar na saída mais próxima, seguindo os traços do alcatrão e não parando em portagem alguma? E depressa, depressa, prego a fundo sem limite de velocidade, a desafiar as arestas da dor?

Será só a mim que apetece carregar no off uma e outra, e outra e mais outra vez? Fazer reboot - não, shutdown - a tudo e deixar de insistir em pixeis apagados e links inexistentes?

Será só a mim que não há garrafas de litro e meio que desfaçam os nós acumulados na garganta, já em descida pelo esófago e em marcha firme até aos pulmões?

Será só a mim que falta o ar, nesta asfixia que me agonia por dentro e me irrompe pelos olhos?

que tudo tem uma explicação, eu quero saber porquê.

Tão, mas tão bom.

E uma pontada nas costas, alguém quer? Veio aqui parar por engano e estou à procura do destinatário.

(faço trinta por uma linha e é uma porcaria de um ar condicionado que me consegue deixar cheia de dores)

está a ficar deprimente)

(e não é do tempo)

Voltei a dormir mal. A acordar intermitentemente a partir das 4 da manhã.

...

Onde é que se tiram as pilhas deste relógio?! Eu quero oito horas de sono só p'ra mim! :-(

sexta para sábado
Deito-me por volta das 21 horas, sem jantar. Adormeço ao fim de uma hora. À meia-noite e meia, acordo. Levanto-me, bebo um copo de leite e arrumo a cozinha. Sento-me na sala a fazer zapping. Às 3h45, vou-me deitar novamente. Não tenho sono. Adormeço depois das 5 e acordo às 7. Fico na cama a preguiçar. Às 8 horas levanto-me.

sábado para domingo
Deito-me às 22h30 e adormeço ao fim de vinte minutos. Acordo à meia-noite. Adormeço. Acordo às 4. Adormeço. Acordo às 5. Adormeço. Acordo às 6. Adormeço. Acordo às 7. Adormeço. Acordo não sei a que horas. Levanto-me às 9h30.

domingo para segunda
Deito-me à meia-noite. Adormeço imediatamente. Acordo por breves minutos às 5 e adormeço em seguida. Acordo às 7. O despertador toca às 7h30. Levanto-me às 8. Uma noite quase normal (o passeio de bicicleta de mais de três horas no domingo deve ter ajudado).