Ao almoço, a conversa cai, inevitavelmente, sobre as noites estúpidas que tenho tido. A minha mãe oferece-me gelado de capuccino (ao contrário de 99,9% da população mundial, o café dá-me sono). No fim do repasto e ainda sentada à mesa, adormeço por cinco minutos. De olhos abertos.
Quando me vou despedir, a minha mãe aconselha-me a tomar meio comprimido para dormir.
(talvez escrevendo sobre isto até à exaustão me faça apagar durante oito horas seguidas)
Ao acordar, nunca, mas nunca, sair da cama para beber água ou ir à casa de banho. Erro crasso! Entre aguentar a sede ou molhar os lençóis e ficar o resto da noite a olhar para o tecto enquanto se ouve os zumbidos dos electrodomésticos, prefiro as duas primeiras. Ao menos estou a dormir (ou assim seria suposto).
Neste momento, posso dizer que ganhei dois ódiozinhos de estimação. Um é o relógio da mesa-de-cabeceira. O outro é o despertador que se instalou dentro da minha cabeça e que dispara mais ou menos de hora a hora durante a noite.
Uma das coisas chatas de ter insónias ou de dormir mal é o estado de semi-dormência em que se fica durante o dia seguinte. No meu caso, e especialmente se é uma situação que se mantém por algum tempo, para além do sono e da semi-dormência, sofro também de uma ligeira/média alteração na percepção sensorial. Não consigo distinguir se estou acordada, a tentar adormecer ou efectivamente a sonhar. E acho que também vejo coisas que não existem.