Mufla
Junho 01, 2006
Já dormes quando me vou deitar. Esgueiro-me por entre as molas do colchão até chegar a ti. Quase sem me mexer, lanço um dos meus braços à tua volta. Reages à minha presença com um sussurro qualquer e continuas adormecido, agora entrelaçado nos meus dedos.
A tua respiração denuncia o auxílio da cetirizina. Estás constipado e parece-me que sonhas.
Peça por peça, encosto os meus pés aos teus, os joelhos à dobra das tuas pernas, a bacia ao teu cóccix, o peito às tuas costas, o rosto ao teu pescoço.
O quarto está mergulhado numa semi-penumbra, à luz dos despertadores e de uns fios que escoam pelos buracos da persiana. Franzo a miopia para tentar ver as horas. Ainda é cedo.
Envolvo-me novamente em ti. O cheiro da tua pele embriaga-me. Cortaste o cabelo há poucos dias, ainda consigo sentir o molde da tesoura.
Beijo-te o ombro e fecho os olhos, para seguir no teu encalço. Estilizo até onde é possível a linha entre os nossos corpos e com o lençol cubro o que sobra de nós.
Gostava de nos poder eternizar ali.
(quanto tempo dura o barro de que somos feitos?)
A tua respiração denuncia o auxílio da cetirizina. Estás constipado e parece-me que sonhas.
Peça por peça, encosto os meus pés aos teus, os joelhos à dobra das tuas pernas, a bacia ao teu cóccix, o peito às tuas costas, o rosto ao teu pescoço.
O quarto está mergulhado numa semi-penumbra, à luz dos despertadores e de uns fios que escoam pelos buracos da persiana. Franzo a miopia para tentar ver as horas. Ainda é cedo.
Envolvo-me novamente em ti. O cheiro da tua pele embriaga-me. Cortaste o cabelo há poucos dias, ainda consigo sentir o molde da tesoura.
Beijo-te o ombro e fecho os olhos, para seguir no teu encalço. Estilizo até onde é possível a linha entre os nossos corpos e com o lençol cubro o que sobra de nós.
Gostava de nos poder eternizar ali.
(quanto tempo dura o barro de que somos feitos?)