Às vezes
Maio 29, 2006
Às vezes (só às vezes), encosto-me à ombreira da porta e paro. Às vezes (só às vezes), espreito para dentro de feridas, escarafuncho cicatrizes e rebento veias. Às vezes (só às vezes), desligo células do paladar e engulo calendários cinzentos, em colheradas de massa amorfa incaracterística.
Às vezes (só às vezes), descalço-me e pouso os pés sobre o frio do mosaico, entregando-me ao arrepio. Às vezes (só às vezes), sinto-me sufocar por janelas e portas e campos e mares e estradas. Às vezes (só às vezes), enlouqueço num entra e sai de mim, agora e antes e depois, quem sabe, talvez. Talvez.
Às vezes (só às vezes), encosto-me à ombreira da porta e deixo-me cair. Só (às vezes).
Às vezes (só às vezes), descalço-me e pouso os pés sobre o frio do mosaico, entregando-me ao arrepio. Às vezes (só às vezes), sinto-me sufocar por janelas e portas e campos e mares e estradas. Às vezes (só às vezes), enlouqueço num entra e sai de mim, agora e antes e depois, quem sabe, talvez. Talvez.
Às vezes (só às vezes), encosto-me à ombreira da porta e deixo-me cair. Só (às vezes).