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outros dias

[dia] período de uma rotação terrestre; no plural, existência

Pontes

Maio 30, 2006

Falar ao telefone com uma amiga, em dia de aniversário. Uma conversa que flui, bem-disposta e cheia de gargalhadas, às vezes sem qualquer nexo, outras sobre coisas sérias. E a boa (muito boa) sensação que perdura para lá das despedidas.

[(re)lembrei-me hoje]

Às vezes

Maio 29, 2006

Às vezes (só às vezes), encosto-me à ombreira da porta e paro. Às vezes (só às vezes), espreito para dentro de feridas, escarafuncho cicatrizes e rebento veias. Às vezes (só às vezes), desligo células do paladar e engulo calendários cinzentos, em colheradas de massa amorfa incaracterística.

Às vezes (só às vezes), descalço-me e pouso os pés sobre o frio do mosaico, entregando-me ao arrepio. Às vezes (só às vezes), sinto-me sufocar por janelas e portas e campos e mares e estradas. Às vezes (só às vezes), enlouqueço num entra e sai de mim, agora e antes e depois, quem sabe, talvez. Talvez.

Às vezes (só às vezes), encosto-me à ombreira da porta e deixo-me cair. Só (às vezes).

No msn

Maio 24, 2006

- :P
- uuuuuuuuuuuu
- ai ai....
- julho...
- dezembro...
- uii
- julho, julho, julho.....
- :D
- :D
- oh meu deus!!!
- controla-te, controla-te
- :D

[conversa tida depois de uma troca de mails contendo um calendário ilustrado]

Das tartes que se querem direitas

Maio 23, 2006

Obrigada pelo YEHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!! de ontem. Embora não compreenda muito bem o porquê da preferência (isto por aqui não se aprende nada e 99,99% dos posts nadam num mar de disparates), a gerência fica muito feliz por te saber desse lado.

Pinha-ball (e sopa) forever!!

Do fim-de-semana

Maio 22, 2006

Sábado.
Levantar tarde, muito tarde. Desejar boa sorte à prima que termina o curso. [Que nos degraus que tiveres de subir ao longo da vida tenhas sempre um corrimão onde te apoiar!] Levar um murro da ex-prima mais nova que, em jeito de macaquinha, tentava trepar por mim acima. Ficar de olhos esbugalhados com a esperteza da pirralha.
Tirar aquela que será a única fotografia de jeito do marido nos últimos... dez anos! Fazer tarte de amêndoa à uma da manhã. Ver o marido a comer salame de chocolate à uma da manhã.

Domingo.
Levantar tarde, muito tarde. Desesperar numa loja com o andamento em slow-motion das empregadas. Desejar poder/conseguir dar 600 euros em troca de um candeeiro lindo, lindo.
Estar com os amigos. Ver o sorriso deliciado de uma pessoa pequenina ao dar os primeiros passos sozinha. Sentir o cheiro da resina. Jogar pinha-ball. Quase ficar soterrada em caruma. Jogar pinha-ball. Rir. Jogar pinha-ball. Apanhar chuva. Jogar pinha-ball. Comer caracóis (e acreditar que para a próxima me sabem melhor). Jogar matraquilhos (e pinha-ball, não sei se já disse). Sofrer tentativas de boicote à sopa, mas conseguir fazê-la à mesma (uma vez sopeira, sempre sopeira eheheh ;-) ).

Hoje.
Marido com um escaldão no pescoço e braços. Eu com dores em tudo o que é possível doer no corpo humano. Responder ao "Vais nadar hoje?" com um escandalizado "Achas?!?!". Nódoas negras e mãos arranhadas. Sensação de ter estado um mês de férias.

Há lodo no cais

Maio 19, 2006

Eu não sou nenhuma atleta (nem de competição nem de coisa nenhuma). Eu canso-me e também paro. Mas compreendo e tenho interiorizado o significado de "Nade em circuito nado lento" e "Nade em circuito nado rápido". E tenho pena que algumas pessoas não entendam a diferença entre estes dois conceitos. Enquanto não o conseguirem, vão continuar a levar comigo, a apanhar sapatadas, pontapés e encontrões. Alguns sem querer, outros propositadamente acidentais.

[Irritam-me solenemente pessoas que, mesmo estando a ser constantemente atropeladas pelos outros utilizadores, estacionam a meio da pista supostamente de nado rápido, em amena cavaqueira com o vizinho do lado ou com alguém que está nas bancadas, sobre férias, cães e sei lá mais o quê.]

Prazo de validade

Maio 17, 2006

Andar pela net sem nada para fazer (mentira, mentira...), dá nestas coisas.

Aqui é possível ficarmos a saber como iremos... errr... morrer. Sim, isso mesmo. Bater a bota, esticar o pernil, ir para os anjinhos, como preferirem. No meu caso em particular e no meu caso em geral, dizem-me que será assim:

"You are mauled to death by a rabid pitbull"

(arrepio, arrepio, arrepio...)

Há, contudo, variantes. Se colocar o nick "outros dias" (com espaço), a sentença é:

"You are struck by a lightning and killed while walking your dog during a storm"

(Logo aqui se nota uma tendência para andar perto de cães. Não está muito longe da realidade...)

Mas!

se escrever o meu nome verdadeiro, o veredicto é ainda mais delicioso:

"While swimming, a power line falls into the pool you're in, sending a million volts of electricity through your body. You're fried instantly"

(Primeiro os relâmpagos, agora a electricidade... Que a luz esteja comigo!)

E ainda!
(há mais)

Conjugando tudo isto com este site, fiquei a saber que num belo domingo de Maio de 2056, irei ou ter um encontro imediato de primeiro grau com um cão raivoso ou ter uma última e fulminante ideia luminosa.

Moral da história: Vou gostar de animais e ter genica para nadar até ser velhota.

Propulsão

Maio 16, 2006

Das braçadas que se repetem, sempre em auto-avaliação. O arranque, molengão, desajeitado, demorando minutos para fazer segundos, a aquecer, a aquecer, deixando para trás o (breve) arrepio provocado pelo diferencial de temperaturas.

E o cansaço a esfumar-se e uma sensação de poder, de invencibilidade a tomar conta do corpo, em respiração sincronizada de vaivém, óculos embaciados piscina após piscina, após piscina, após piscina.

E às vezes mergulhar, sustendo o fôlego, tentando alcançar o outro lado de uma só penada. E é como se eu fosse da água e a água fosse de mim e nem precisasse mais de vir à tona buscar ar e tudo ali me chegasse e completasse.

E quando todos saem, extenuados ou preguiçosos, e fico sozinha para lá ser senhora (ou criança).

E nos momentos, em contínuo, em que podia despir-me e tirar a pele e nada seria estranho, apenas mais do mesmo, igual, peças de um único puzzle, encaixadas, perfeito, perfeitas.

E depois, no duche, quando o calor me toca nas costas, nos músculos ainda tensos, fervilhantes, e me ensaboo, o peito a abandonar a respiração acelerada e os olhos quase exaustos, tranquilos, momentaneamente felizes.

E aquela dormência que fica, o cheiro do cabelo molhado e a ponta dos dedos enrugada, e a calma, tanta calma, e o silêncio de quando deixa de existir mundo fora dali e é isto que perdura, é isto que guardo.

A princesa e a ervilha

Maio 15, 2006

Eu consigo, quase a desmaiar de sono, utilizar um berbequim estando de cócoras, em equilíbrio instável e posição cómica, e não falhar um único furo.

Eu consigo, quase a desmaiar de sono, colocar calhas para gavetas no tampo de uma secretária, estando toda torta debaixo dela e com mais ferramentas que espaço nas mãos, e aparafusar tudo à esquadria à primeira tentativa.

Eu consigo, quase a desmaiar de sono, entrar numa arrecadação de lanterna na mão e encontrar rapidamente a tábua que preciso, sem esbarrar contra nenhuma teia de aranha, nem deixar cair nada em cima dos pés, nem bater com a cabeça em lado nenhum.

Mas!... mas... quando vou tirar carapaus da arca para o almoço do dia seguinte, espeto logo o dedo numa espinha ou barbatana ou lá o que %&#$%! é aquilo que os peixes têm no dorso, rasgo a pele e faço um buraco que, dois dias depois, ainda me dói.

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