por saber que um homenzinho pequenino descobriu as maravilhas da "mobilidade total"... por saber que já anda sozinho... por saber que está a crescer... A crescer! Lindo, lindo!
Falar ao telefone com uma amiga, em dia de aniversário. Uma conversa que flui, bem-disposta e cheia de gargalhadas, às vezes sem qualquer nexo, outras sobre coisas sérias. E a boa (muito boa) sensação que perdura para lá das despedidas.
Às vezes (só às vezes), encosto-me à ombreira da porta e paro. Às vezes (só às vezes), espreito para dentro de feridas, escarafuncho cicatrizes e rebento veias. Às vezes (só às vezes), desligo células do paladar e engulo calendários cinzentos, em colheradas de massa amorfa incaracterística.
Às vezes (só às vezes), descalço-me e pouso os pés sobre o frio do mosaico, entregando-me ao arrepio. Às vezes (só às vezes), sinto-me sufocar por janelas e portas e campos e mares e estradas. Às vezes (só às vezes), enlouqueço num entra e sai de mim, agora e antes e depois, quem sabe, talvez. Talvez.
Às vezes (só às vezes), encosto-me à ombreira da porta e deixo-me cair. Só (às vezes).
Obrigada pelo YEHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!! de ontem. Embora não compreenda muito bem o porquê da preferência (isto por aqui não se aprende nada e 99,99% dos posts nadam num mar de disparates), a gerência fica muito feliz por te saber desse lado.
Levantar tarde, muito tarde. Desejar boa sorte à prima que termina o curso. [Que nos degraus que tiveres de subir ao longo da vida tenhas sempre um corrimão onde te apoiar!] Levar um murro da ex-prima mais nova que, em jeito de macaquinha, tentava trepar por mim acima. Ficar de olhos esbugalhados com a esperteza da pirralha. Tirar aquela que será a única fotografia de jeito do marido nos últimos... dez anos! Fazer tarte de amêndoa à uma da manhã. Ver o marido a comer salame de chocolate à uma da manhã.
Domingo.
Levantar tarde, muito tarde. Desesperar numa loja com o andamento em slow-motion das empregadas. Desejar poder/conseguir dar 600 euros em troca de um candeeiro lindo, lindo. Estar com os amigos. Ver o sorriso deliciado de uma pessoa pequenina ao dar os primeiros passos sozinha. Sentir o cheiro da resina. Jogar pinha-ball. Quase ficar soterrada em caruma. Jogar pinha-ball. Rir. Jogar pinha-ball. Apanhar chuva. Jogar pinha-ball. Comer caracóis (e acreditar que para a próxima me sabem melhor). Jogar matraquilhos (e pinha-ball, não sei se já disse). Sofrer tentativas de boicote à sopa, mas conseguir fazê-la à mesma (uma vez sopeira, sempre sopeira eheheh ;-) ).
Hoje.
Marido com um escaldão no pescoço e braços. Eu com dores em tudo o que é possível doer no corpo humano. Responder ao "Vais nadar hoje?" com um escandalizado "Achas?!?!". Nódoas negras e mãos arranhadas. Sensação de ter estado um mês de férias.
Eu não sou nenhuma atleta (nem de competição nem de coisa nenhuma). Eu canso-me e também paro. Mas compreendo e tenho interiorizado o significado de "Nade em circuito nado lento" e "Nade em circuito nado rápido". E tenho pena que algumas pessoas não entendam a diferença entre estes dois conceitos. Enquanto não o conseguirem, vão continuar a levar comigo, a apanhar sapatadas, pontapés e encontrões. Alguns sem querer, outros propositadamente acidentais.
[Irritam-me solenemente pessoas que, mesmo estando a ser constantemente atropeladas pelos outros utilizadores, estacionam a meio da pista supostamente de nado rápido, em amena cavaqueira com o vizinho do lado ou com alguém que está nas bancadas, sobre férias, cães e sei lá mais o quê.]
Andar pela net sem nada para fazer (mentira, mentira...), dá nestas coisas.
Aqui é possível ficarmos a saber como iremos... errr... morrer. Sim, isso mesmo. Bater a bota, esticar o pernil, ir para os anjinhos, como preferirem. No meu caso em particular e no meu caso em geral, dizem-me que será assim:
"You are mauled to death by a rabid pitbull"
(arrepio, arrepio, arrepio...)
Há, contudo, variantes. Se colocar o nick "outros dias" (com espaço), a sentença é:
"You are struck by a lightning and killed while walking your dog during a storm"
(Logo aqui se nota uma tendência para andar perto de cães. Não está muito longe da realidade...)
Mas!
se escrever o meu nome verdadeiro, o veredicto é ainda mais delicioso:
"While swimming, a power line falls into the pool you're in, sending a million volts of electricity through your body. You're fried instantly"
(Primeiro os relâmpagos, agora a electricidade... Que a luz esteja comigo!)
E ainda! (há mais)
Conjugando tudo isto com este site, fiquei a saber que num belo domingo de Maio de 2056, irei ou ter um encontro imediato de primeiro grau com um cão raivoso ou ter uma última e fulminante ideia luminosa.
Moral da história: Vou gostar de animais e ter genica para nadar até ser velhota.
Das braçadas que se repetem, sempre em auto-avaliação. O arranque, molengão, desajeitado, demorando minutos para fazer segundos, a aquecer, a aquecer, deixando para trás o (breve) arrepio provocado pelo diferencial de temperaturas.
E o cansaço a esfumar-se e uma sensação de poder, de invencibilidade a tomar conta do corpo, em respiração sincronizada de vaivém, óculos embaciados piscina após piscina, após piscina, após piscina.
E às vezes mergulhar, sustendo o fôlego, tentando alcançar o outro lado de uma só penada. E é como se eu fosse da água e a água fosse de mim e nem precisasse mais de vir à tona buscar ar e tudo ali me chegasse e completasse.
E quando todos saem, extenuados ou preguiçosos, e fico sozinha para lá ser senhora (ou criança).
E nos momentos, em contínuo, em que podia despir-me e tirar a pele e nada seria estranho, apenas mais do mesmo, igual, peças de um único puzzle, encaixadas, perfeito, perfeitas.
E depois, no duche, quando o calor me toca nas costas, nos músculos ainda tensos, fervilhantes, e me ensaboo, o peito a abandonar a respiração acelerada e os olhos quase exaustos, tranquilos, momentaneamente felizes.
E aquela dormência que fica, o cheiro do cabelo molhado e a ponta dos dedos enrugada, e a calma, tanta calma, e o silêncio de quando deixa de existir mundo fora dali e é isto que perdura, é isto que guardo.
Eu consigo, quase a desmaiar de sono, utilizar um berbequim estando de cócoras, em equilíbrio instável e posição cómica, e não falhar um único furo.
Eu consigo, quase a desmaiar de sono, colocar calhas para gavetas no tampo de uma secretária, estando toda torta debaixo dela e com mais ferramentas que espaço nas mãos, e aparafusar tudo à esquadria à primeira tentativa.
Eu consigo, quase a desmaiar de sono, entrar numa arrecadação de lanterna na mão e encontrar rapidamente a tábua que preciso, sem esbarrar contra nenhuma teia de aranha, nem deixar cair nada em cima dos pés, nem bater com a cabeça em lado nenhum.
Mas!... mas... quando vou tirar carapaus da arca para o almoço do dia seguinte, espeto logo o dedo numa espinha ou barbatana ou lá o que %&#$%! é aquilo que os peixes têm no dorso, rasgo a pele e faço um buraco que, dois dias depois, ainda me dói.