Agridoce
Pessoas quem faltou (e falta) tudo. Começando nos bens materiais e acabando nos bens afectivos. Abraços. Colo. Conforto. Umas festas na cabeça e a frase “vai tudo correr bem”, mesmo na incerteza. E isso vê-se na agressividade, na cobiça, na raiva da fala, na aspereza dos gestos.
Posso dar-me durante uns minutos ou durante umas horas, mas depois, no fim, viro as costas e retomo a minha própria vida, enquanto aquelas outras vidas continuam lá, como sempre. Sem abraços, sem colo, sem confortos.
E eu, que me estou sempre a queixar e que sofro de uma hipersensibilidade e de uma carência estúpida para as coisas mais imbecis, vejo que, se calhar, afinal, até tenho sorte.
E isso deixa-me triste.