Glutões
Novembro 08, 2007
Nos idos e quase esquecidos anos oitenta do século vinte, havia um detergente para a roupa que prometia eficácia imbatível contra as nódoas graças à acção de uns bicharocos chamados glutões. Era o Presto e eu acreditava nele.
Lembro-me de estar debruçada sobre o tanque que existia na marquise da minha avó, com água e espuma a dois dedos do rebordo, em busca dos ditos glutões. E, sem dar parte de fraca, a garantir que sim, senhora, já os tinha visto.
- Olha ali um!! Viste, viste? Era azul!!
Toda a família alinhava na mentira piedosa dos glutões do Presto, de tal forma que até hoje não estou cem por cento certa de que não tenham existido.
Sinto que a minha cabeça é albergue para um sem número de glutões, confortavelmente sentados no espaço outrora ocupado por neurónios. E não há raios-xis que os detectem ou miligramas (quinze destes e dez destes ao pequeno-almoço, outros dez daqueles ao almoço, repete estes ao jantar, juntamente com aqueloutros, e antes de deitar, dez miligramas destes aqui) de comprimidos que os destruam.
Lembro-me de estar debruçada sobre o tanque que existia na marquise da minha avó, com água e espuma a dois dedos do rebordo, em busca dos ditos glutões. E, sem dar parte de fraca, a garantir que sim, senhora, já os tinha visto.
- Olha ali um!! Viste, viste? Era azul!!
Toda a família alinhava na mentira piedosa dos glutões do Presto, de tal forma que até hoje não estou cem por cento certa de que não tenham existido.
Sinto que a minha cabeça é albergue para um sem número de glutões, confortavelmente sentados no espaço outrora ocupado por neurónios. E não há raios-xis que os detectem ou miligramas (quinze destes e dez destes ao pequeno-almoço, outros dez daqueles ao almoço, repete estes ao jantar, juntamente com aqueloutros, e antes de deitar, dez miligramas destes aqui) de comprimidos que os destruam.