Ontem

Não sei ao certo o que foi, talvez uma mistura de excessos. Excesso de cansaço, excesso de deitar tarde e levantar cedo, excesso de pensamentos desordenados. Ou, se calhar, excesso de vapores de tinta. Fosse o que fosse, nem a cabeça a latejar, nem as tonturas, nem a sensação de vómito pareceram importar-se com o motivo.

Às quatro da manhã, socorro-me dos conselhos do neurologista e engulo um comprimido.
Tanta, tanta sede.
Toalha molhada com água fria em cima da testa e dos olhos.
Duas almofadas.
Sossego.
Sossego.

Parece que tenho tambores a rufar cá dentro. Ou um barco no mar, em dia de grande, grande tempestade.

As horas passam. Com elas, a dor vai-se desvanecendo. Ou por outra, continua nos mesmos sítios, mas anestesiada.
Eu sei, porque a “sinto”.

O resto do dia arrasta-se em permanente estado de dormência.
Deve ser qualquer coisa parecida com isto que os drogados gostam.
O cérebro a dizer uma coisa e o corpo a responder outra. Reacções muito  l   e    n     t     a      s. Vozes ao longe. Às vezes perto demais. Vontade de fechar os olhos e deixar-me ir.

Hoje, melhor.
Mas ainda não bem.
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publicado por outrosdias às 11:39
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