É Natal, afinal
Assunto pendente resolvido, sinto-me, finalmente, de férias.
Às vezes é muito difícil ser-se adulto.
Para todos, um bom Natal.
Assunto pendente resolvido, sinto-me, finalmente, de férias.
Às vezes é muito difícil ser-se adulto.
Para todos, um bom Natal.
Estou de férias.
Estou de férias e tive de interromper o meu período de descanso para (tentar) resolver um problema inventado do nada.
Estou de férias e não sei se esse problema ficou definitivamente resolvido.
Estou de férias e o meu telemóvel toca todos os dias, várias vezes.
Estou de férias e quando não atendo o telemóvel que toca todos os dias, várias vezes, tenho mensagens para ouvir e ler.
Estou de férias e agora ando a desenhar uma cozinha e é só isso que me interessa.
Já temos janelas!
Já temos janelas!
Já temos janelas!
Já temos janelas!
Já temos janelas!
Já temos janelas!
Já temos janelas!
Já temos janelas!
Já temos janelas!
:D
Cada vez acredito mais nisto.
Caminho depressa, com receio que as palavras me fujam.
Será como adormecer? Este estado semi-comatoso, de respiração irregular? Será que dói? E onde? Nos braços? Dentro do peito? Nas saudades? Será que se pensa? E em quê? Em que ponto nos deixamos ir? E vamos? Quando é o último sopro? E a consciência, perde-se? Ou ganha-se?
As mãos fecham-se, estremecidas. Parecem querer agarrar qualquer coisa. O olhar está inquieto, acelerado, impotente perante a traição do invólucro doente. A tosse é desesperada. O peito arfa, sem ar. Depois acalma, iludido. O raciocínio é perfeito e o discurso constante, ainda que sussurrado por vezes. Luta contra o inevitável, o não assumido, e deseja as histórias que ficaram por fazer.
"Quando estiver melhor, quero ir para casa", e minutos depois, como que subitamente lúcida, "Tenho medo de morrer sozinha".
As semelhanças que observo arrepiam-me. A teimosia. As ideias fixas. O ter sempre algo a dizer e a opinar. A independência. O fechar-se no seu próprio mundo. As barreiras erguidas, à espera de quem tenha a coragem e, principalmente, a persistência de as contornar. O coração amolecido perante um afago, mesmo que breve.
Acaricio a herança com um nó na garganta. Que outros genes terei seus?
Aos poucos, a luz apaga-se. O tórax sobe, desce e pára em ritmos cada vez mais longos.
Já é só corpo o que vejo.
Recordo fragmentos de palavras e de vivências fantásticas. Sorrio, remexo-me interiormente, liberto sentimentos.
A face está tranquila e apazigua-me.
Tia-avó, minha árvore centenária da capicua dos 101.